Israel ordena fecho de um dos últimos hospitais em funcionamento em Gaza

por Joana Raposo Santos - RTP
Palestinianos rezam junto aos corpos de pacientes mortos durante ataques israelitas ao hospital Kamal Adwan. Foto: Reuters/Stringer

As autoridades israelitas ordenaram, na noite de domingo, a evacuação e encerramento de um dos últimos hospitais ainda em funcionamento no norte de Gaza. Os profissionais de saúde estão agora a procurar maneiras de transportar centenas de pacientes e funcionários em segurança para outros locais, enquanto enfrentam bombardeamentos intensos.

Husam Abu Safiya, chefe do hospital Kamal Adwan, disse ser “quase impossível” cumprir a ordem de evacuação, visto que não existem ambulâncias suficientes para mover os doentes.

“Temos neste momento quase 400 civis dentro do hospital, incluindo bebés na unidade neonatal cujas vidas dependem de oxigénio e incubadoras. Não podemos retirar estes pacientes de forma segura sem assistência, equipamento e tempo”, explicou à agência Reuters.

Segundo Safiya, o hospital está “sob fortes bombardeamentos e ataques diretos aos tanques de combustível que, se forem atingidos, causarão uma grande explosão e mortes em massa dos civis nas instalações”.

Na sexta-feira, as forças israelitas disseram ter enviado combustível e comida para o hospital e ajudado a retirar mais de 100 pacientes e cuidadores, levando-os para outros hospitais de Gaza, em coordenação com a Cruz Vermelha.O hospital Kamal Adwan é um dos poucos ainda em funcionamento no norte de Gaza, área que enfrenta há quase três meses uma intensa pressão militar israelita.

Segundo o chefe do hospital, Telavive ordenou que os pacientes e funcionários retirados fossem levados para outro hospital que se encontra em condições ainda piores, sobrelotado e com camas espalhadas pelos corredores.

O Ministério da Saúde de Gaza alertou que os três principais hospitais do norte dessa região, entre os quais se encontra o hospital Kamal Adwan, quase não funcionam e têm sido alvo de repetidos ataques desde que Israel enviou tanques para Beit Lahiya e para as cidades vizinhas de Beit Hanoun e Jabalia, em outubro.

Israel tem garantido que a operação levada a cabo nessas comunidades do norte da Faixa de Gaza tem como alvos militantes do Hamas. Os palestinianos acusam, por sua vez, os militares de estarem a procurar despovoar permanentemente a área para criar uma zona tampão.
Ataques fatais a campo de refugiados
Entretanto, na manhã desta segunda-feira surgiram relatos de bombardeamentos israelitas ao campo de refugiados de al-Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. Pelo menos quatro pessoas terão morrido, de acordo com a Al Jazeera.

Segundo esta publicação, as forças israelitas cercaram às primeiras horas da manhã, com quadricópteros e veículos armados, um abrigo para civis deslocados dentro do campo de refugiados.

“Dispararam de forma intermitente, utilizando os quadricópteros e artilharia pesada. Uma pessoa morreu nesse local”, apurou a Al Jazeera. “A grande maioria da população deslocada é constituída por civis - mulheres e crianças. São também eles que constituem a maioria das vítimas que chegam aos hospitais”, acrescenta.

O mais recente balanço das autoridades de Gaza dá conta de mais de 45.200 palestinianos mortos nos ataques levados a cabo por Israel desde 7 de outubro do ano passado. O número de feridos supera já os 107 mil.

c/ agências
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